A Escola forma para o Futuro ou para o passado?

terça-feira, 21 de abril de 2009 |

"Ao contrário do livro, a escola não é mágica. É uma instituição complexa porque reflete toda a complexidade da evolução humana em sua cultura, seus fracassos e sucessos. Como todo organismo complexo, não há como mudar de uma hora pra outra. A menos que todos os seus membros se conscientizem efetivamente da necessidade desta mudança."

Blogagem coletiva - blogueiros refletindo em torno de um assunto e um objetivo comum.

A idéia surgiu no grupo Blogs Educativos, partindo do Robson, do Caldeirão que coloca questões de grande relevância no momento da escola atual. O Sérgio Lima, postou uma resposta excelente que você NÃO PODE deixar de ler AQUI!
Sinceramente, estou sem palavras porque o Sérgio acertou mesmo na mosca.
Concordo completamente com o excesso de blá, blá, blá. Em todas as áreas relacionadas a Educação, mil teorias são discutidas, milhares de cursos, sejam as antigas reciclagens (como odeio esta palavra- agora diretamente relacionada ao lixo...) ou os cursinhos da chamada formação continuada. Aprende-se Piaget, Vigotsky, lê-se Paulo Freire. Professores mais "conectados" que se iniciam nas TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) podem assistir vídeos como este:
http://www.youtube.com/watch?v=bPVweGFj_q8
Então, o que acontece? Por que parece que nada muda?
Por que continuamos com absurdos de laboratórios fechados em escolas porque falta professor de informática?
Por que a tecnologia assusta ao ponto de conhecer professores que tem computador em casa e pedem aos seus filhos que "mexam para eles"?
Por que a teoria não muda a prática?

Por falar em teoria, estudando Antropologia para minha graduação, deparei-me com a afirmativa de Morin, que nos diz resumidamente:
A cultura é o resultado evolutivo da complexidade dos modos de relação e comunicação.
O Homem é um ser inacabado, ao mesmo tempo condicionado pela situação em que vive e está aberto a todas as possibilidades, sujeito ao aperfeiçoamento.

Educar é uma relação extremamente complexa, mesmo a educação que lidamos em casa e principalmente a educação formal e institucionalizada da escola.

Cada profissional da educação tem que repensar dia a dia sua prática. A escola, como instituição precisa abrir seu espaço. Uma colega me disse: quando as mentes de um grupo se abrem, as paredes do espaço em que ocupam mudam de cor. Essa é a nova pintura de que as escolas precisam!
Crises enfrentadas de forma criativa, significam pontos de reorganização e melhoria. É preciso que os alunos reconheçam que a escola é um lugar essencial para a realização humana em toda sua complexidade.
Um trabalho didático que leve em conta a cultura em que a escola se insere, o tipo de vida dos alunos, e a visão de mundo que eles possuem neste contexto.
Trata-se de uma mudança de postura. De dentro para fora. Não basta repetir discursos. Pode-se começar amanhã, ao entrar em sala de aula e olhar no olho do aluno. Pode-se escolher apenas um. Talvez aquele que dê "mais trabalho".
Não se trata de fazer o que eles querem, falar só sobre o que lhes interessa, mas de partir daí. Talvez seja um bom começo de ruptura, de reorganização.

12 comentários:

Rocio Rodi disse...

Jenny,

"Quando as mentes de um grupo se abrem, as paredes do espaço em que ocupam mudam de cor". Este é o segredo da bricolagem, não inventamos algo novo, mas, diante da surpresa, do óbvio, do caos aprendemos a manejar conhecimento, requerendo nosso background e enfrentando a incerteza da situação posta. O que faz a diferença? A sensibilidade, o estar aberto, a humildade, a pulsão, a solidariedade até conosco mesmos... Mesmo desconhecendo nos expomos sem medo de errar. Deu certo? Que bom, por quê? Deu errado? Muito bom, onde está o nó? Onde está a ponta do fio? No erro admitimos que há algo novo ali, e que exige o despir-se e ir em busca de revisar-se, de saber pensar no reverso, e conhecer o verdadeiro sentido de estarmos em estado de aprendências. É o educar(-se) pela pesquisa, é a compreensão do "só sei que nada sei", a negação do saber, não! É a necessidade de aprendermos com o outro a saber pensar melhor. Quando? Nas atitudes diárias. Aprende-se fazendo quando temos a humildade de reconhecer que a base adquirida deve saber tricotar diferentes pontos e inventar tantos outros.
As velhas paredes se abrem ao mundo, pois, nelas imaginamos tantos arco-íris como sombras que nos impelem a voar e colocar o pé no chão. Utopia! Superação! Nada mais fenomenal que sermos parceiros desse tricote.

Sérgio F. Lima disse...

Opa Jenny,
Eu tenho uma desconfiança que os professores que já se apropriaram das ferramentas da rede poderiam tomar um certa liderança na mudança.

Possivelmente (e é uma dúvida não uma certeza) buscando alternativas fora dos espaços institucionalizados.

Algo como uma Escola cooperativa, ou nesta linha!

Se formos esperar pelos espaços institucionalizados, acho que demoraremos muitos anos :-(

bjs

Robson Freire disse...

Olá Amiga

Que beleza de postagem rica e esclarecedora. Romper os nossos limites é por deveras doloroso, mas romper com dogmas institucionalizados é ainda mais dificil.

Pois não sabemos como agir diante da perda, do referencial existente. Acho exatamente por isso muitos de nós deixa tudo como está.

Pois assim o seu porto seguro continuará lá, mesmo que isso custe manter a escola presa no passado.

Esse passo em direção ao futuro deve sim ser assumido por nós professores, fazendo exatamente assim olhando nos olhos, ouvindo o que eles tem a dizer e principalmente aprendendo com eles.

Movimentos como esse de levar o debate para fora dos muros da escola é sim muito importante, para que mais pessoas possam ler e refletir melhor o seu papel dentro desse novo mundo.

Abraços

Elis Zampieri disse...

Oi Jenny, gostei muito das suas reflexões. Ampliando o comentário que deixou no meu blog, penso que a escola deveria debruçar-se realmente sobre a questão dos temas transversais. Acho que estes precisam estar presentes de modo curricular e não extra-curricular. Penso que dessa forma a escola consiga desempenhar melhor seu papel diante das novas demandas da sociedade.

Abração.

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Jenny. Realemente a mudança começa por nós, e tem que ser de postura. Como você mesmo comenta: há muito discurso, teorias. mas e a prática? O que de fato muda? Há uma epidemia na maioria das escola em ter um datashow. mas pra quê? Pra repetir o mesmo de outra maneira? Cadê o futuro? Aliás, cadê o presente? Parabéns pelo blog. Sempre que posso, dou uma passadinha nos blogs dos colegas, nem sempre comento. Mas dessa vez não pude passar sem deixar meu recado. Um abraço, Zé.

Suzana Gutierrez disse...

Oi Jenny

Esta distância teoria e prática é um fato. Eu me pergunto se realmente a teoria atinge o professor, ou seja, se ela é reelaborada por ele.

Outra coisa que eu vejo e que alguns estudos já apontaram é a resistência do professor, que se dá não somente por temer ou não querer mudar. Que acontece por não assimilar treinamentos e diretrizes que vem de cima sem discussão e sem que estes processos sejam significativos para o professor.

Para se conversar :)

abraços!

Jenny Horta disse...

Oi Maria do Rocio! Desculpe só agora responder. Correrias da vida. Mas a analogia da bricolagem é mesmo excelente. Sinto que muitos profissionais se sentem atados e meso que desejem, não conseguem sair da mesmice. Outros, partem para o extremo oposto e se perdem, como foi o caso da promoção automática aqui no município do Rio. Inovar implica em risco, e tudo que tem risco precisa ser amplamente planejado.
O cuidado com novas posturas e projetos exige muito do profissional. Talvez por isso poucos se arriscam. Comodismo e medo de errar?

Jenny Horta disse...

Oi Sergio! Como você sempre diz: quebrando aos pouquinhos as hegemonias, ou seja correndo por fora. Estamos organizando grupo de estudantes, que entram por iniciativa própria e chamam a atenção em suas escolas. As coisa estão ocorrendo de fora para dentro da escola...bem devagar!Mas como dizem, assim se vai ao longe.

Jenny Horta disse...

Aí Robson! Como coloquei ao Sergio. As coisas podem acontecer de fora para dentro da escola. Toda esta enxurrada de informação está causando desacomodação nas escolas e isso pode ser muito positivo, pois todas as mudanças da escola eram de cima pra baixo. Agora, os alunos é que estão mudando. São crianças de 5 anos resolvendo "problema no celular" da tia....he he he

Jenny Horta disse...

Oi Elis! Estou relendo os PCNs e fico com impressão de que muitas escolas nem os conhecem, pois há tanta coisa que poderia ser explorada ali e quase não tenho visto...estou tentando me informar mais a respeito, mas até agora é o que tenho sentido na realidade.

Jenny Horta disse...

Oi José Roig!! Que prazer ter sua visita! Também gosto muito do seu espaço que conheci através do Robson. A resistência na mudança se dá por vários fatores, e muita resistência por questões até mesmo ideológicas...esse papo é bem longo. Pena não dispormos de tempo para levar a conversação a fundo. Veja sóp o tempão que levo pra te responder, não é?? desculpe, ok?

Jenny Horta disse...

Suzana! A mudança precisa ser uma troca, e geralmente não é o que ocorre na escola. Na maior parte das vezes a escola é uma linha de montagem: quem pensa determina o que e como para quem executa....é por isso que tem professor achando que vai perder a caga para o PC..he he he
Mais uma vez, perdoe-me pela demora do retorno...Ô Vida!!!